sexta-feira, 16 de março de 2007

Quotidiano de um noviço? # 01

Ou simplesmente o dia-a-dia de um tirocinante?
















“O caso do Barrigudo de fatiota vermelha...”

Tirocínio. Mas que raio de palavra mais mal amanhada vem a ser esta? Perguntam vocês e perguntava eu! Bem, pelos vistos esta é uma das designações pela qual é conhecido o estágio. Conhecido! Mas por quem? Ao que parece apenas por alguns ditos intelectuais entre os quais algumas das administrativas da empresa onde ocorre o meu noviciado. Esta é só outra muito bem sucedida denominação. Os tipos que inventaram estas expressões e partindo do princípio que foram homens, deviam ter a sua gônada sexual agrafada a um barrote que por conseguinte lhes estivesse alojado no ânus e efectua-se bruscos movimentos de vai e vêm. Porque é que não dizem logo estágio? Para quê complicar algo tão simples? O que move estas figuras? Qual o sentido da vida? Porque nos cai sempre mal o último copo da noite? Quem matou Sá Carneiro? Onde está o Wally? Porque é que ainda teimam em existir pessoas com bigodes? (Quando até Veloso e Teresa Guilherme cortaram os deles!) São tudo boas questões. E para as quais infelizmente não tenho respostas para vos dar. Uma dessas supracitadas figuras certo dia e num tom monocórdico de tiazorra (Não o mediático de Cascais mas sim o “parente pobre” da Foz do Douro!) saiu-se com a seguinte questão: “Então q’rido como se está a desenrolar o seu tirocínio?” (A parte do “q’rido” não ocorreu realmente mas achei que ficava melhor…). Fiquei completamente à nora e sem saber o que responder. Normal! Na altura não sabia sequer do que falávamos. Daí em diante passei a andar sempre munido com um dicionário de bolso. Não fosse aparecer mais alguém armado em carapau de corrida e com o intuito de me catalogar como mais um imberbe inculto, pertencente à extinta (digo eu!) geração rasca. Razão pela qual hoje em dia o adágio popular “O que é demais é exagero”, assenta-me que nem uma luva. Para tal basta reparar nos post’s deste blog para ver a quantidade absurda de sinónimos, substantivos e adjectivos com o que o bombardeei.

Relegando essa situação ao esquecimento. Temo que tudo o resto seja perfeitamente normal. Acarreto as minhas ordens e cumpro-as com o afinco e a tenacidade normais a quem ainda só agora se envolveu no complicado mundo da labuta. Sim, complicado! Pois acordar todos os dias um pouco antes das sete da matina, não é tarefa que se afigure fácil. E ainda mais difícil, para quem como eu, quando normalmente me colocava perante a eterna dúvida de “Vou ou não vou?”, basicamente não ia mesmo. É certo que essa questão só me ocorria de tarde. As manhãs, essas eram sagradas. Pois nessa altura eram horas de vir para casa depois de uma qualquer extenuante noite de copos. Daí que trabalhar, para quem saiu agora da vida rotineira de aluno, se assemelhe em parte ao jet-lag. Os sintomas, esses pelo menos são os mesmos. Andamos com os sonos trocados e bastante desorientados. O conselho médico neste caso seria evidentemente o repouso total até à integração ao novo ambiente estar concluída. Algo que sem perceber bem o porquê me foi negado à partida. Mas dizem que com o tempo isto passa. Não posso ainda é precisar quanto tempo, pois no meu caso a desorientação ainda não passou por completo.

Rapidamente me impôs na empresa. Não tanto pelas minhas eventuais capacidades como engenheiro, mas principalmente pela arte do desenrascanço que desconhecia possuir. Entre os variados assuntos de índole menos profissional que tive de resolver, apenas um consta na lista de não resolvidos. E foi com este que aprendi uma grande lição de vida. Compreendi que independentemente do esforço e/ou empenho despendidos há pais-natal que simplesmente não dão para soldar. Ao que parece e segundo os entendidos, devido ao material em que são feitos. Aquele era de uma qualquer liga metálica muito manhosa que continha a sempre apetecível inscrição “Made in China”. Conclusão. O pinheiro desse ano ficou irremediavelmente mais despido.

No início nem sequer pensava ou sequer questionava se o que me pediam era exequível, ou não. Apenas acatava as ordens e pronto. Tipo tem que dar. Eles não iam pedir algo que não fosse possível. Mas depois reparei que não é bem assim. O caso do barrigudo de fatiota vermelha é apenas um bom exemplo disso.

To be continued…




2 comentários:

Paulo Jorge Araújo disse...

ta alucinante...lol

PJM disse...

É verdade que existem palavras impensáveis e cabeças pensadoras, que por uns ou outros motivos nos tendem a surpreender. Mas, a realidade é que se a palavra tirocínio é de origem duvidosa, existem uns certos e determinados tirocinantes que também não prezam pela normalidade, se é que ser normal nos dias de hoje está correcto!!