quarta-feira, 23 de maio de 2007

That 80’s show! # 01

Ou simplesmente, uma “dita” trilogia cinematográfica que passará a saga…
























Acima dos vinte e poucos anos, não há quem não se lembre de nomes como Henry “Indiana” Jones, John McLane e John Rambo. Fazem parte do nosso imaginário colectivo e essas coisas assim. Marcaram, tal como milhentas outras personagens, a infância de muito boa gente. Mas, é aqui que a porca torce o rabo, pois o feito de marcar a infância de alguém não é automaticamente sinónimo de qualidade e gabarito. Por exemplo, quer-me parecer que os cintos de fivela também marcaram a infância de muita gente, e se sair agora uma edição especial de cintos de fivela não é provável que um considerável magote de sujeitos vá a correr comprar aquilo. Nem há gente que, com um brilho nos olhos e voz nostálgica ou, por outra, com um entusiasmo aparvalhado, ande por aí a relembrar os cintos de fivela em conversas intermináveis. E isso acontece por uma razão muito simples. Os cintos de fivela lembram sovas, coças e surras. Coisas más. Também deixavam marcas, mas eram daquelas que doíam. As trilogias que essas figuras encarnaram no passado, em muitos dos seus aspectos, marcaram da mesma forma que um cinto de fivela. Doíam. E, por isso, deixaram marcas. Marcaram infâncias, portanto.

A trilogia “Rambo” é uma delas! No entanto, ela encerra na sua estrutura um mito que, devido à apatia dos telespectadores, ameaça propagar-se pela eternidade. Trata-se de um mito, assim parecido com aquele das pulseiras idiotas, aquelas douradas e com duas bolinhas, que se dizia curarem o reumatismo; mas que mais não faziam que ser um muito eficaz meio de identificação de pessoas fáceis de empandeirar por tudo e todos.

Como é sabido, o primeiro filme, o mítico “Rambo no pinhal (Fúria do Herói)” existe, está bem de saúde e, dentro do género, até é um filme porreiro. Tem o xerife mau e os outros polícias maus, mas o John R dá-lhes cabo do canastro e, como não podia deixar de ser, arrasa com a cidade inteira, utilizando o velho método do camião cisterna cheio de combustível contra as bombas de gasolina. É bem feito para o xerife, pá! O Rambo não queria problemas. Depois, temos o celebérrimo “Rambo a aviar russos (que são os maus da fita em todos os filmes, apesar do fim da guerra-fria) no Afeganistão”. Pouco tempo depois, incentivados por este filme, os americanos invadiam este país. É mítica a cena em que Rambo abate um helicóptero com um arco e uma flecha. A meio do filme, o Omar Shariff aconselha o Rambo (“This is not your war”), mas ele ignora-o e salva o dia na mesma. É um festim. John chega mesmo a sovar um russo igualzinho ao Zangief do Street Fighter. Bem, e neste, como no outro, o mau é mesmo o mau. Agora é um sargento comunista de leste (Essa ralé!).

O problema é claro. Onde é que raio está o “Rambo II”?! Sempre que se dedica algum tempo de antena a algum dos filmes da trilogia, aparecem o primeiro (no pinhal) e o terceiro (no deserto)! Nunca passam o “Rambo II”. Nunca vi este filme. Tenho mesmo sérias dúvidas que exista.

Este truque de Hollywood é básico. Eles fazem filmes à manada com um ou vários heróis e chamam-lhe “saga”. É óbvio que não existem 5 “Desaparecidos em combate”! Fizeram, no máximo, três e, para dar a entender que os filmes foram tão rentáveis e populares ao ponto de merecerem 5, 6 ou mais sequelas, apresentam-nos como o “Desaparecido em combate 9” ou qualquer coisa do género. O mesmo se aplica aos “Academias de Polícia”. É óbvio que não existem 7 filmes daquilo! Alguém aguentava 7 filmes com as piadas do preto que imitava sons ou sobre o dinâmico duo “ex-punk regenerado” e “marido submisso que se quer soltar como agente da autoridade”?

Pois bem, o “Rambo” cai no erro infantil de tentar este truque de marketing muito cedo. As pessoas reparam. Enquanto nos exemplos anteriores qualquer um perde a conta, neste não. Nesse aspecto, o “Rambo IV” surge algo tarde na tentativa de mascarar esse erro.

Apesar do "nosso" herói estar de volta tremendamente inchado, ele promete muitas decapitações, tripas pelos ares, explosões e ainda mais porrada desenfreada e sem sentido, o que, afinal de contas, é aquilo que, a par de gajas boas, queremos ver no cinema e na televisão. No entanto há uma pergunta que persiste: Onde raio é que está o “Rambo II”, hã?!

Outras trilogias que mudam de status social num futuro relativamente próximo:


3 comentários:

JstHempit disse...

Por acaso lembro me daquelas pulseiras... a mim nunca me convenceram com aquela merda... mas o Rambo sim esse convenceu me! mas nos dias de hoje acho que o Silvester ja nao vai conseguir...Se o Rocky ja nao é o mesmo o Rambo ate deve dar pena.

Papshmir disse...

Ja tenho os títulos de alguns filmes que serão sequelas...

Rambo VII : Operação Bin-Laden.
Rocky XV: Dentaduras esvoaçantes.
Die Hard VI: ...Mas devagar...
Indiana Jones e o Túmulo de D. Afonso Henriques.
Onde para a policia IX: Algures em Chelas.
Homem-Aranha XI: O Mata-Moscas contra-ataca.

J074C3 disse...

E um tipo ate gostou dos filmes na altura e agora vêm matar isso :-s A criançada de oitenta não merecia esta tortura...